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Miguel Alvarenga analisa um a um os sete primeiros elencos do Campo Pequeno |
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Equipa do Campo Pequeno está indiscutivelmente de parabéns pelos primeiros grandes cartéis da Temporada Histórica do 125º Aniversário |
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Os três "monstros" do cartel de abertura a 6 de Abril: MaestroJoão Moura, Juan José Padilla e Roca Rey com os Forcados de Vila Franca e toiros de Vinhas (para cavalo) e de Varela Crujo (para a lide a pé) |
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Pablo Hermoso de Mendozaé o único toureiro anunciado em duas das corridas da primeira parte da Temporada Histórica do Campo Pequeno. Vem a 18 de Maio com os Mouras e a 13 de Julho num "mano-a-mano" com Manzanares (foto de baixo), um dos cartéis-estrela, digno de qualquer primeira praça do mundo |
Miguel Alvarenga - Criticar e ser do contra é a coisa mais fácil deste mundo. Dá-se nas vistas, as pessoas dizem depois
“já leste o que fulano achou dos cartéis do Campo Pequeno?”, somam-se visualizações nos sites, fica-se aliviado por que
“não se lambeu as botas”à
Drª Mattamouros e ao
Rui Bento, procura-se dar nas vistas. Pode ser, ou não,
“politicamente correcto” e até
“desejável” para alguns sectores dizer mal dos primeiros elencos da
Temporada Histórica do
Campo Pequeno que ontem foram apresentados. Mas não é justo. E não é justo porque, a meu ver,
melhor era impossível.
Ouvi atentamente as palavras de alegria e também de esperança com que a
Drª Paula Mattamouros Resende referiu os esforços continuados da sua gestão para
“levar o barco a bom porto” e apresentar uma programação de alto nível no ano em que se assinala o
125º aniversário da praça de toiros de
Lisboa. Um dia, quando se escrever a História destes últimos anos da
Tauromaquia Nacional, ela há-de ter um lugar de relevo pela forma admirável, criteriosa e empenhada como conduziu esta gestão - que não é fácil. Pela forma como, chegando aqui no papel ingrato de
Administradora de Insolvência, se envolveu com paixão e com sentimento na defesa e no engrandecimento da nossa cultura, da nossa tradição, da nossa Festa. Outra ou outro qualquer membro judicial poderia ter tido uma postura totalmente oposta. Ela empenhou-se, entregou-se e nós, taurinos, um dia vamos ter que lhe agradecer. Ontem,
Rui Bento ofereceu-lhe uma rosa por que era o
Dia da Mulher. Essa
"rosa que te dei"é nossa também.
Rui Bento cordial, Ventura nem por isso...Ouvi também atentamente as palavras de
Rui Bento que, antes de passar ao anúncio dos cartéis, fez questão de aplaudir a
Protoiro pela realização da iniciativa de enorme sucesso que foi o recente
Festival Bullfest (que alguns não quiseram ou
não puderam reconhecer…) e enaltecer depois algumas das jovens figuras que por mérito próprio integram os primeiros elencos, casos de
João Moura Caetano,
Miguel Moura, de
Parreirita Cigano, de
Francisco Palha, de
Filipe Gonçalves, de
Jacobo Botero, de
Luis Rouxinol Júnior e do regressado
João Maria Branco (demonstrando que muito para lá das questões pessoais que possam ter existido, há, acima de tudo, o interesse empresarial a defender e o reconhecimento pelo valor do toureiro, que nunca esteve em causa em tempo algum) e frisou de seguida, com diplomacia e cordialidade, sem polémicas, que a ausência de
Diego Ventura se devia única e exclusivamente à inexistência de acordo
a nível monetário, mas que
a porta continuava aberta e a empresa à espera dele e tanto assim que ficava
em aberto o cartel de 8 de Junho para que pudessem ainda vir a sentar-se e a acertar a contratação.
A atitude posterior de
Ventura, com um comunicado que em vez de ser comunicado deveria ser uma conversação particular com a empresa, não teve nível, nem esteve à altura das palavras cordiais e diplomáticas com que o gestor taurino da empresa do
Campo Pequeno ontem explicou as razões da sua
ausência, que ainda se poderia transformar em
presença. O
Campo Pequeno precisa de um toureiro com a força e o carisma de
Ventura e
Ventura, por mais que o queira descartar, também precisa do
Campo Pequeno para valorizar o seu estatuto, incontestável, de primeiríssima
Figura mundial - e de toureiro
taquillero. Fazem falta um ao outro e fazem falta à Festa e ao público de Lisboa -
entendam-se!
Ausências "forçadas" por falta de acordo
Rui Bento salientou ainda as ausências de
Leonardo Hernández, de
Rui Fernandes e de
João Ribeiro Telles nestes primeiros cartéis, com os quais também não houve ainda acordo, mas também aqui fez questão de reforçar o interesse e o empenho da empresa em os trazer ao
Campo Pequeno, admitindo que isso sucederá certamente na segunda fase do
Abono, não estando também neste momento afastada a hipótese de ter algum dos três ou mesmo os três na corrida
em aberto de 8 de Junho.
O regresso às arenas de
Joaquim Bastinhas numa corrida em que poderia também tourear
Paulo Caetano e os filhos de ambos,
Marcos Bastinhas e
Moura Caetano, é outro cartel que pode integrar a segunda parte da
Temporada Histórica.
Apesar de não o ter referido ontem, é provável que
Enrique Ponce actue na corrida comemorativa so
125º Aniversário da inauguração da praça, a 18 de Agosto, que excepcionalmente será numa
sexta-feira e é também possível que o matador
Cayetano Rivera Ordoñez, como hoje noticiámos, constitua um dos atractivos da segunda parte da época, se não mesmo do cartel de 8 de Junho.
Finda a apresentação dos primeiros elencos de 2017,
José Cáceres fez um breve balanço da vida do canal
Campo Pequeno TV e anunciou novos e atractivos programas para as próximas emissões.
Paulo Pereira anunciou depois a abertura de venda dos
Abonos (hoje) e também a novidade de na corrida inaugural, a 6 de Abril, se brindar
Juan José Padilla com um
pasodoble em sua honra da autoria do maestro
António Catalão Labreca, da
Banda do Samouco, que habitualmente abrilhanta as nocturnas do
Campo Pequeno.
Os 7 primeiros cartéis: melhor era impossível!E passo à análise dos cartéis.
- 6 de Abril - É preciso analisar? O cartel é mesmo
“do outro mundo” e fala por si. O
MaestroMoura, o regresso de
Padilla, novo ídolo da aficion portuguesa e a estreia como matador de toiros do peruano
Roca Rey, aliados ao valor do grupo de forcados triunfador da última temporada lisboeta, os
Amadores de Vila Franca, com toiros de
Vinhas para cavalo e de
Varela Crujo para pé, constituem o garante de uma enchente, arrisco mesmo dizer de uma
lotação esgotada e denotam o esforço da empresa para abrir com chave de ouro um ciclo comemorativo dos
125 anos da inauguração da praça.
Melhor era impossível!- 18 de Maio - Praça cheia outra vez - alguém tem dúvidas?
Pablo Hermoso de Mendozaé um ídolo de referência do público lisboeta. Vir ao
Campo Pequeno competir com os dois
Mouras -
João Júnior e
Miguel - é um acto de afirmação e até de alguma condescendência e grande profissionalismo quando, por norma, prefere sempre ter a abrir praça um cavaleiro veterano. É um cartelazo de eleição para os aficionados do toureio equestre. E os toiros de
António Charrua não são propriamente toiros
“nhoc-nhoc”, vão dar espectáculo e pedir contas aos ginetes. Nas pegas, dois grupos consagrados:
Lisboa e
Évora, com a particularidade de o cabo dos eborenses,
António Alfacinha, se despedir do público da capital. Esta corrida homenageia o
Real Clube Tauromáquico, que também cumpre este ano o seu
125º aniversário, distinção que confere ainda maior solenidade a esta noite.
- 8 de Junho - Data
em aberto e onde se esperava o
“sim” de
Ventura. Face ao
“não”, a empresa vai agora esforçar-se por montar um grande elenco nesta noite. Está certa a presença dos
Forcados Amadores de Alcochete e podem pegar também os californianos de
Turlock. A hipótese de uma corrida mista com
Cayetano Rivera Ordoñezé uma das possíveis cartadas a jogar neste dia. Neste momento e depois do comunicado de
Ventura descartando
com firmeza a possibilidade de tourear este ano em
Lisboa, a empresa deverá empenhar-se
ao máximo para apresentar como
alternativa um elenco
acima da média e suficientemente
forte e sólido para
responderà ausência do rejoneador.
- 29 de Junho - Corrida de
seis cavaleiros com estilos
variados e
atractivos de sobra. Regressa por uma noite o veterano
Manuel Jorge de Oliveira para comemorar os
40 anos da sua histórica e recordada alternativa, uma das melhores de sempre no
Campo Pequeno numa célebre
Corrida dos Comandos e para dar a alternativa a
Parreirita, o primeiro cavaleiro tauromáquico de
etnia cigana a doutorar-se, depois da meteórica ascensão protagonizada nos dois últimos anos. Presenças importantes dos também veteranos
Rui Salvador e
Ana Batista e ainda dos jovens
João Maria Branco e
Jacobo Botero, dois toureiros de valor que não vinham há algum tempo ao
Campo Pequeno. Toiros da insuspeita ganadaria do
Engº Luis Rocha, insuspeita no que diz respeito a emoção e a risco, é uma ganadaria séria e
“exigente” com os toureiros; e competição entre a forcadagem com as presenças do
Grupo do Ribatejo e dos dois grupos da
Chamusca, os
Amadores e os do
Aposento. Atractivos não faltam, o elenco é variado e
“para todos os gostos”. E pelo
calibre dos alternantes, não se pode dizer que seja uma alternativa facilitada para o valoroso
Parreirita Cigano. Pelo contrário. Vai ter que
“dar corda aos sapatos” para deixar bem marcada esta noite. Um desafio para ele.
- 6 de Julho - Notável o esforço da empresa para dar corridas em
todas as quintas-feiras de Julho, revivendo as
“Fabulosas de Verão” dos tempos áureos da gestão do grande
Manuel dos Santos. Esta primeira corrida é mista e responde ao interesse crescente do público aficionado pelo toureio a pé, confirmando também o empenho da empresa em dar continuidade à corrente de entusiasmo causada pelas presenças de
“El Juli”, de
Padilla, de
Finito, de
Álamo e de
Morante nas últimas temporadas. O regresso a
Lisboa de
João Moura Caetano, ainda que actuando como único cavaleiro e por isso, sem competidor, é uma
mais valia para este cartel e uma porta aberta para que o toureiro repita, em elenco de maior rivalidade, na segunda parte da temporada. As presenças dos matadores
“El Fandi”, depois do bom ambiente que deixou no
Festival Bullfest, e de
Juan del Álamo, também triunfador em
Lisboa nas duas últimas épocas, são o garante de uma boa noite de toureio a pé. Pegam os
Forcados do Aposento da Moita e lidam-se toiros da triunfadora ganadaria de
Manuel Veiga. É um cartel com interesse.
Hermoso e Manzanares: outro cartel-estrela- 13 de Julho - Chegamos a outro
cartel-estrela da
Temporada Histórica. Uma corrida digna de qualquer primeira praça do mundo, que esteve para realizar-se na segunda metade do
Abono lisboeta, mas que foi antecipada precisamente para dar maior ênfase à primeira parte.
Pablo Hermoso na sua segunda apresentação do ano no
Campo Pequeno num
“mano-a-mano” com uma das grandes
Figuras mundiais,
José Maria Manzanares, que faz a sua estreia em
Lisboa lidando três toiros da ganadaria espanhola de
García Jiménez. Os toiros para
Pablo ainda não estão anunciados. Pega um dos grandes grupos nacionais, o de
Montemor. Há que louvar, nesta primeira fase da temporada, a presença em
Lisboa dos melhores grupos da actualidade. Nesta noite, aposto em
lotação esgotada ou, pelo menos, numa
enchente.
- 20 de Julho - Mais uma corrida que promete trazer muito público ao
Campo Pequeno. A alternativa de
Luis Rouxinol Júnior, concedida por seu pai,
Luis Rouxinol, no ano em que assinala
30 anos de alternativa, um cavaleiro lutador e que venceu à custa do seu tremendo valor quando, de início, muitos lhe quiseram fechar as portas. A acompanhar esta noite de festa para os
Rouxinóis, dois representantes de uma das mais ilustres Dinastias Toureiras do mundo,
António Ribeiro Telles e seu sobrinho
Manuel Ribeiro Telles Bastos. Melhor era, também, impossível. Nas pegas, os consagrados grupos de
Santarém e de
Coruche. E quanto a toiros, a histórica ganadaria
Murteira Grave, grande triunfadora da última época em
Lisboa. Louvável e notável o facto de
Luis Rouxinol Júnior se prestar a receber a alternativa sem facilidades e com uma das mais sérias e temidas ganadarias nacionais. Só por isso, merece que enchemos a praça e o vamos apoiar!
- 27 de Julho - Pese embora o valor incontestado dos três toureiros que o compõem, este último cartel da primeira parte da
Temporada Histórica do
Campo Pequenoé, a meu ver, o
menos apelativo.
Filipe Gonçalves não toureou no ano passado em
Lisboa e foi um dos grandes triunfadores da época, demonstrando um enorme valor e um querer de ferro ao tourear a segunda metade da temporada com o braço direito engessado, devido a uma lesão.
Francisco Palha foi um dos jovens que mais se destacou também e por isso, ambos merecem inteiramente regressar ao
Campo Pequeno.
António João Ferreiraé um dos matadores de toiros nacionais de maior interesse e com maios promissor futuro, mas vir sózinho a
Lisboa como único espada pode não atrair o público que se deseja. Oxalá me engane, porque ele tem valor para estar no
Campo Pequeno e para muito mais. Falta
Manuel Dias Gomes neste elenco. Era necessário o
Campo Pequeno dar o exemplo e fomentar a rivalidade entre este nova parelha. Pegam os
Forcados das Caldas da Rainha, um grupo que tem vindo a afirmar-se. E os toiros são de duas excelentes ganadarias: de
Santa Maria para cavalo e de
Falé Filipe para pé. Acredito que pode ser uma grande noite de toiros pelo valor dos intervenientes, mas penso que falta
“qualquer coisa” ao elenco para o tornar mais atractivo e mais apelativo para o público.
Fotos D.R., Emílio de Jesus, Frederico Henriques e Maria Mil-Homens